Conceição do Araguaia, Pará, Brasil​

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Ajude na formação dos futuros sacerdotes

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dos futuros sacerdotes

Via Sacra da Esperança

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Dom Dominique – Quaresma 2025

1. Jesus é condenado à morte

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

O Criador da vida se apresenta diante de seus juízes. Eles têm o poder de decidir sobre sua vida ou morte. Deus tornou-se refém da humanidade, completamente subordinado à decisão de seus julgadores. Sem defensor, apenas com acusadores ao seu redor, Ele é tratado como alguém que só sabe fazer o mal. Assim, enfrenta a mais severa punição que o Império Romano poderia impor, uma pena que costumava ser destinada a escravos condenados por crimes extremamente graves. A cruz será o destino do Filho de Deus, que se fez homem para oferecer-lhes a Salvação.

Há um outro aspecto dessa tragédia: Ao tornar-se um preso da humanidade, todos os presos do mundo tomarão consciência de que todos nós somos redimidos por um preso.

De repente, os malandros mais temidos, os mais excluídos da vida social se encontram irmãos de um preso que vem salvar todos os seres humanos, evidentemente de maneira preferencial todos os presos. Sejam eles presos inocentes ou presos culpados. Uma centelha de Esperança resplandece. A sentença que um juiz vai pronunciar diante de um condenado nunca mais será a última palavra dada sobre suas vidas. Porque somos todos salvos por um Preso que nos quer livres.

2. Jesus carrega a cruz, no lugar de Barrabás

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

Barrabás, o criminoso condenado à morte, aproveita a condenação de Jesus para receber a graça do governador. Todo ano, durante a festividade da Páscoa, era tradição que o governador libertasse um prisioneiro condenado à morte. Esse era um gesto de generosidade do Império Romano para com o povo judeu, no momento em que celebrava sua festa religiosa mais importante. Pilatos decidiu deixar que a multidão escolhesse o beneficiado. Influenciado pelos fariseus, o povo optou por Barrabás. “Solta Barrabás! Solta Barrabás!” gritaram eles. Pilatos, um tanto envergonhado diante dessa injustiça, percebeu que preferiram Barrabás, um criminoso, ao próprio Jesus. E Jesus, o inocente, aceita livremente carregar a cruz que deveria levar o criminoso Barrabás à morte.

 Jesus sabe que Barrabás deve passar por essa experiência, em vista de todos os séculos futuros. Barrabás deve experimentar que a graça não é tanto do governador e nem do império Romano.  A verdadeira graça é um dom divino destinado a seus filhos e filhas agraciados. E todos somos chamados a receber essa graça, nascida no Coração do Pai, e oferecida por Jesus Cristo, que aceitou a nossa morte.

 Você se lembra de como São Paulo proclamou, com todo fervor, essa verdade fundamental:  que a Salvação não é resultado de nossas ações, comportamentos, fidelidade ou até mesmo do martírio que possamos suportar, mas é unicamente um presente da graça de Deus. É apenas por graça de Deus que somos salvos. Era essencial que um condenado vivesse essa experiência: de repente, na hora de ser executado, ser agraciado de graça. E assim, sair do presídio livre, e retornar para a sua casa.

O evangelho não nos revela se Barrabás conseguiu aproveitar dessa graça até o fim de sua vida. Ou se ele a recebeu, mas continuou sendo um homem revoltado e capaz de cometer crimes. Essa é uma questão profunda que nos diz respeito: Aceitamos a graça, mas o que fazemos com ela? Voltamos nosso coração a Deus com imensa gratidão ou seguimos levando uma vida semelhante à de um pecador que ignora o Amor de Deus? Contudo, aqueles que aproveitam essa graça renascem em esperança. Não são as minhas ações ou comportamentos que garantem a vida eterna, é a graça de Deus. A Salvação não é fruto do nosso mérito, é dom de Deus!

3. Jesus cai pela primeira vez

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

Não posso negar que esta queda causa uma grande surpresa, e até poderia ser considerada como um escândalo. O Filho de Deus caindo enquanto está cumprindo a sua missão é algo inédito. Jesus manifestou muita fragilidade, mas nunca manifestou a menor queda! Mas, por que isso acontece agora? Talvez por um motivo bem simples: É para a nossa Esperança! É para que, quando caímos, encontremos a Esperança.

Nas tentações, Jesus não caiu. Ele mostrou que vencia as tentações. Ele nos mostrou que só a sua presença em nós, pode superar as propostas erradas. Ele é o vencedor.

Chega esse momento da Paixão de Jesus, em que o diabo pode achar que estar prestes a vencer, pois o Filho está sem forças e cai. Mas, é por nós e para a nossa salvação que Jesus cai. É porque nós caímos.

Se nós sempre caímos, mas Jesus nunca cai, cadê a esperança? É para nossa Esperança que ele aceitou cair! Para nos mostrar como nos reerguer. Para nos capacitar. Para termos este movimento de nos levantar, só sustentados pela Esperança. Só olhando para cima, vendo que o Céu não está fechado para quem cai, pois o Filho também caiu: por nós e para a nossa salvação!

Aí, o diabo é despojado da sua certeza de vencer. O que ele acreditava ser o início da vitória, é o início da derrota. Porque, de agora em diante, qualquer um que cair vai saber que o Filho pode ajudá-lo a se reerguer. A Esperança não decepciona!

4. Jesus encontra sua mãe, Maria Santíssima

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

Maria aceitou ser mãe, e ela se fez filha e servidora do seu filho! Como ela poderia esquecer-se de que:

  • Só Deus pode infundir a Esperança, mas você pode restaurar a confiança para quem precisa.
  • Só Deus pode dar amor, mas você pode ajudar o outro a amar até o fim.
  • Só Deus pode dar a força, mas você pode apoiar um homem desencorajado.
  • Só Deus é a vida, mas você pode devolver aos outros o desejo de viver.
  • Só Deus pode fazer milagres, mas você pode ser aquele que traz os cinco pães e os dois peixes.
  • Só Deus pode fazer o que parece impossível, mas você pode fazer o que puder.
  • Só Deus é suficiente para si mesmo, mas ele preferiu contar com você! (Pe. Guy Gilbert)

5. Simão de Cirene ajuda Jesus a carregar a cruz

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

Um homem chamado Simão, natural da cidade de Cirene, estava voltando de sua terrinha, quando avistou uma multidão. Em questão de instantes, percebeu a cena que se desenrolava diante dele: três homens condenados à morte sendo levados para crucificação, logo antes do início das festividades da Páscoa. E ele observa as condições precárias dos condenados, todos marcados pelas torturas que haviam sofrido anteriormente.

Simão estava refletindo sobre sua própria vida, quando, de repente, um soldado se aproximou dele e o intimou: “Vem aqui!”. “Mas, eu não fiz nada de mal!”

E Simão compreende que tem um dos condenados que não aguenta mais. Mais tarde, Simão vai saber que ele foi flagelado 2 × 39 vezes. A multidão parecia detestar copiosamente esse condenado, que não tinha força alguma para carregar a Cruz sozinho. E Simão se deixou levar. De qualquer jeito, ele não teve escolha.

Agora, ele é levado ao lado do futuro crucificado e, apesar da vergonha de assumir esta função, se coloca debaixo da Cruz, ajudando assim o condenado a carregar e a caminhar, subindo até o topo do calvário.

O que aconteceu entre Jesus e Simão, o cireneu, permanece desconhecido. Contudo, sabemos que, na carta de Paulo aos romanos, há saudações dirigidas a dois membros da comunidade, chamados “Alexandre e Rufo”, que Paulo menciona serem os filhos de Simão, o cireneu.

Significa que os filhos de Simão, o cireneu, faziam parte da comunidade cristã de Roma. Surge, então, a questão: Será que Simão se converteu à fé nesse condenado, cuja Cruz ele carregou?

Eu me pergunto: será que, ao olhar para Simão, Jesus lhe revelou num instante, que ele não estava apenas carregando uma cruz qualquer, mas a Cruz do próprio Filho de Deus, que estava salvando o mundo? E que, em vez de se revoltar contra essa imposição, Simão deveria agradecer a Deus? E que aqueles minutos transformaram a vida de Simão até a dos seus filhos também?

Devemos clamar para que, ao invés de apenas aguentar as cruzes que ferem e, podem até levar à morte, elas possam transmitir, como num raio de luz, a certeza de que o sofrimento junto a Cristo não é em vão, não é uma desgraça, mas é um convite de Deus ao ser humano que ele salva: “Venha me ajudar a salvar os outros!”.

6. Verônica limpa o rosto de Jesus

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

Verônica, uma mulher desconhecida, se aproxima de Jesus. Com um pano, ela limpa o rosto ensanguentado de Cristo. É um gesto que pretende limpar o rosto tão melado de sangue e de poeira, mas é sobretudo o gesto de uma mulher que não aguenta ficar longe de uma pessoa que está sofrendo. Veronica toma as dores do homem sofredor. É um gesto de compaixão.

Ela participa desse jeito da Paixão de Cristo. Ela se une a Paixão de Cristo ao ponto de oferecer o que ela tem, para que apareça melhor a beleza de Jesus tão desfigurada.

E coisa incrível, mas real, quando ela retira pano do rosto todo ensanguentado de Jesus, a mulher descobre a imagem da face dEle impressa no tecido. Quer dizer que este gesto de compaixão de Jesus, na verdade não tocou apenas o pano, mas esse gesto de compaixão se gravou no coração de Verônica. A compaixão por Jesus a transformou.

Ela não pode ainda saber que Jesus ressuscitará. Um dia provavelmente, ela receberá essa notícia. E ela ficará transformada para sempre no seu jeito de viver, no seu jeito de organizar a sua vida.

Verônica entenderá que a compaixão não nos diminui, mas nos aproxima de Deus. Deus é compaixão e Ele se oferece àqueles que O acolhem, deixando neles uma marca que se tornará eterna. Aí, o coração humano resplandece de um traço da própria beleza de Deus, trazendo esperança de viver eternamente com Ele, agora que Jesus é glorificado, não mais humilhado nem desfigurado.

A compaixão me traz esta certeza, pois Jesus prometeu: “Se comigo sofrerdes, comigo reinareis! E se morrerdes comigo, comigo vivereis!”

7. Jesus cai pela segunda vez

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

De novo? Mas Jesus não acabou de se levantar? Esta é a segunda queda de Jesus, e ela é bem diferente da primeira.

Por quê? Ela é bem diferente, porque a primeira foi a primeira. Quem é que não vai desculpar a primeira queda de alguém? “Enganar-se é humano!” Mas cair? E cair novamente, depois de já ter se levantado, pode isso acontecer?

Essa segunda queda possui um nome: É a queda dos viciados. Os viciados são aqueles que, repetidamente, caem, se levantam. Depois, novamente caem; e, pela misericórdia se levantam outra vez, e mais outra vez…

E Jesus quis cair novamente, que nem um viciado. Mas também, no fundo, quem de nós não é um pouco viciado? Quem de nós não repete em sua confissão pecados que já foram confessados? Ainda bem que – às vezes – só tem esses antigos pecados, os de sempre, os de cada mês! E Jesus quis a queda dos viciados para que aqueles que lutam contra vícios não desanimem. Não pensem que o seu vício é maior do que a misericórdia de Deus. É incrível que Jesus passe por esta queda dos viciados. Mas, é para trazer a Esperança.

8. Jesus chama as mulheres de Jerusalém a um futuro novo

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

É muitas vezes uma tentação: A de atribuir aos governantes a causa de todos os bens como de todos os males! Mas, Jesus alerta as mulheres de Jerusalém: Acima de tudo, o futuro está nas mãos das pessoas, de nós!

Para os cristãos, esse futuro tem um nome: “Esperança”. Essa esperança não é um otimismo ingênuo que ignora o mal; é uma abertura para o futuro, uma semente de vida discreta e oculta.

Para se manifestar, a esperança necessita apenas de uma pessoa, que pode ser qualquer um de nós. E quando várias pessoas compartilham essa esperança, pode então surgir uma “revolução”: a da ternura.

A ternura é o amor que se torna próximo e palpável; é um impulso que brota do coração e chega aos olhos, aos ouvidos e às mãos. Significa cuidar do outro. A ternura é a linguagem dos mais vulneráveis, daqueles que precisam do outro. Assim, a ternura é se rebaixar ao nível do outro.

De fato, Deus se humilhou em Jesus. No seu seguimento, os homens e mulheres mais corajosos e fortes trilharam o caminho da ternura, pois esta não é fraqueza, mas uma grande força. É a via da solidariedade, a estrada da humildade. “Quanto mais poderoso você é, mais deverá se tornar humilde. Pois, caso contrário, o poder te perderá e você perderá os outros!. Em contrapartida, com humildade e um amor verdadeiro, o poder se transforma em serviço e promove o bem. (Cf. Papa Francisco, Vancouver, 25 de abril de 2017)

9. Jesus cai pela terceira vez

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

De novo! Ainda! Mas, Ele já caiu várias vezes!

É verdade! Contudo, a primeira foi a primeira, a segunda foi a do vício. E a terceira é o quê? A terceira é diferente. A terceira quer ilustrar uma palavra de Jesus que – às vezes – achamos muito exigente, mas ela não é bem o que pensamos.  

Foi quando Jesus disse: “Quem perseverar até o fim será salvo”. Jesus não disse: “Quem não cair até o fim serrão salvo”. Ele disse: “Quem perseverar até o fim será salvo”. Se ele tivesse dito: “Quem não cair até o fim”, estaríamos todos fritos. Pois, afinal, ninguém consegue seguir adiante em sua jornada sem tropeçar e cair. Eu vou te dizer que: até o fim cairemos! Por isso, Jesus também caiu várias vezes!

E Ele não disse que “quem não cair será salvo”! Na verdade, disse: “quem perseverar até o fim!”. E foi exatamente isso que Jesus fez. A terceira queda ocorre no ponto mais alto do Calvário, onde não há como subir mais. Lá, onde Ele vai ser crucificado entre céu e terra. Ele caiu várias vezes, mas nunca deixou de perseverar até o último momento.

A terceira queda é para quem se questiona se vale a pena todo o esforço na vida cristã? Mesmo com tantas falhas? Para que quem se desanimar diante da repetição das quedas do vício, do cansaço, do desânimo, mantenha viva a Esperança… Jesus disse: “Quem perseverar até o fim será salvo”. Ele não disse: “Quem não cair até o fim será salvo!”. Jesus caiu até o fim, para quem quer cair até o fim, não perca a Esperança. Que tenha esta certeza de que, mesmo que caiamos até o fim, pela misericórdia de Deus, podemos ser alcançados pela sua Salvação.

10. Jesus é despojado de suas vestes

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

Essa é a estação em que Jesus é despojado de suas vestes. Ela tem um degrau a mais de maldade. Infelizmente, sabemos demais como isso acontece.

O povo, assim como os líderes, vê que a irradiação da bondade de Jesus não parou, mesmo em meio ao sofrimento e à condenação à morte. Então, para acabar com essa irradiação da beleza e da bondade de Jesus, as autoridades decidem despojar Jesus das suas vestes, para que o Senhor apareça na sua maior fragilidade, na sua maior humildade, na sua maior fraqueza. E que o povo possa olhar para Jesus, zombando dele.

É terrível, reduzir o ser humano a sua sexualidade e zombar dela, enquanto ela é um presente de Deus. Mas infelizmente, é uma atitude comum em nossa sociedade: tirar proveito da sexualidade do outro, da nudez do outro, em busca de prazer ou zombaria! A pornografia se alimenta disso, a prostituição continua, os abusos sexuais estão nesta linha. E Jesus aceitou ser tratado como um objeto, um ícone de prazer, para oferecer esperança àqueles que vivem nesta forma de escravidão. Ele também foi tratado assim, como uma coisa da qual a gente tira prazer.

Pensar que Deus desce assim em nossa humanidade, sem qualquer culpa, mas só para tirar a nossa culpa e restaurar a dignidade das vítimas desta escravidão humana, é uma fonte de Esperança!

O nosso Deus realmente não é um cobrador de merecimentos. É alguém que nos quer com Ele, e vem nos buscar, como Ele foi buscar Zaqueu, chamar Mateus, como Ele foi levar consigo Maria Madalena. A misericórdia desceu em nosso mundo de miséria, e é vitoriosa! Que tudo isso seja fonte de Esperança!

11. Jesus é pregado na cruz

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

Jesus se deita no chão sobre a Cruz. Um a um, os seus membros são transpassados pelos pregos, para segurá-lo até o fim, crucificado. É um momento muito especial. É preciso livremente se deitar no chão, é preciso estender os braços, as pernas, é preciso colocar as mãos e os pés bem no lugar certo. Embora haja homens que o seguram, Jesus fez isso na maior liberdade, e no maior amor. E isso é muito consolador. Para sempre, Jesus será, diante do mundo, um crucificado.

Certa vez, durante uma catequese com crianças, perguntei: o que prendia e segurava Jesus na cruz? Todos respondiam: foram as cordas ou os pregos? Então Sebastião, de apenas 10 anos, respondeu com vigor: “não foi isso não padre! Não eram as cordas e nem os pregos, porque se Jesus quisesse, Ele se libertaria deles. Ele fez milagres maiores do que este!”.

Repliquei: “Mas então Sebastião, o que que segurou Jesus na Cruz?” Sebastião respondeu: “Eu sei que não foram os pregos e nem as cordas, foi o amor que Jesus tinha por nós e para a nossa salvação!”.

Sebastião com seus 10 anos, tinha entendido, que é por isso, que até o fim dos tempos a maior representação do Amor de Deus em nosso mundo é Jesus crucificado. Ele quis ser crucificado, ele o foi, Ele ficou crucificado! Mesmo depois da sua ressurreição, Ele guardou as marcas da Cruz e do seu Amor vencedor, que não recuou diante de nada.

E por que isso é tão importante para nós? Porque para os casais que pronunciaram seu compromisso de fidelidade e para os consagrados, que ofereceram a totalidade da sua vida, do seu passado, do seu presente e também do seu futuro, essa cena de Jesus se entregando à crucificação, ciente de que o Pai jamais os abandonaria, é essencial. Ter a consciência e a confiança de que o Pai lhe dará, até o fim, o amor de que ele precisa para ser fiel e não se soltar da Cruz, é fundamental. No calvário, Jesus vai ser incentivado três vezes a descer da Cruz e, três vezes, Ele vai recusar! Nele, temos a Esperança de – também nós – permanecermos, até o fim, na aliança do Amor!

Jesus é elevado na Cruz.

E então chegamos ao momento da grande oferta. O Filho bem-amado carregou sobre si todos os pecados de todos os tempos. No seu coração humano, Jesus traz um amor ao Pai, e um amor aos irmãos, que são infinitamente maiores do que todos esses pecados juntos. Por ser o amor do Filho bem-amado de Deus é infinitamente mais do que todas as ofensas do mundo, em todos os tempos e em todos os lugares. De um lado, carrega pecados que são humanos; de outro, traz o Amor que é divino. Portanto, não há como comparar.

Mas, sobretudo, está na hora de encarnar a oferta que Jesus fez na véspera a seus discípulos, quando Ele ofereceu o seu sacrifício na instituição da primeira Eucaristia, na primeira missa. É a Ação de Graças ao Pai! Ele oferece tudo o que Ele é, tudo o que Ele tem. Ele também oferece seus irmãos e suas irmãs, que se entregam a Ele para serem oferecidos ao Pai. Isso foi vivido na Eucaristia da quinta-feira Santa com os discípulos, que vão se tornar os apóstolos. Mas na sexta-feira isso é vivido em plenitude para todos os homens da terra que o acolherem.

Então, quando estamos na missa, lembremo-nos que estamos diante do próprio sacrifício, da própria oferta que Jesus fez de si mesmo em nosso favor, na Cruz ao Pai, e que esta oferta ao Pai vai se tornar banquete em favor dos irmãos e irmãs que o receberem. Devemos ter sempre consciência que a missa nos traz a oferta que Jesus faz naquele momento da sua crucificação. E esta oferta é eterna. Para sempre, Jesus se oferece! E essa oferta é colocada em nossas mãos, para que O recebamos e para que nos ofereçamos com Ele ao Pai. 

E por meio dessa oferta, vem toda a Esperança de uma vida nova e eterna, de um Mundo Novo, reformado pelo Espírito Santo, com a participação de todos nós que nos alimentamos de Cristo, assegurando que o amor de Jesus não será em vão. Que ele produzirá seus frutos em cada um de nós, em nossas famílias, em nossas comunidades.

12. Jesus morre na cruz

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

Do alto da Cruz Jesus pronuncia uma das suas últimas palavras como uma última súplica ao seu Pai: “Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem!”. A gente chama isso de “fechar os olhos” sobre os nossos pecados! Jesus quis nos apresentar ao Pai, como se nós não tivéssemos nenhuma consciência dos nossos pecados. Jesus fechou os olhos sobre os nossos pecados. O perdão dos nossos pecados já foi pronunciado, já nos é dado. É preciso só que o perdão chegue até cada um de nós, nos toque individualmente e pessoalmente e nos liberte, por causa desta súplica de Jesus.

Mas como acontece isso?

Logo após a morte do crucificado, o centurião romano, que presenciou toda a cena, toma a sua lança e transpassa o lado de Jesus e toca o seu coração, de onde jorra sangue e água. Água para lavar e sangue pra comunicar uma vida nova, que ultrapassa infinitamente a vida biológica recebida dos nossos pais. A água, que simboliza o batismo, nos purifica em resposta à súplica de Jesus ao Pai, enquanto o sangue representa a eucaristia, que nos comunica a vida do próprio Cristo. Isso é resultado da imensa solidariedade que Jesus sempre manifestou com a humanidade, intercedendo para que, pela graça, possamos participar da Sua vida e da Sua eternidade feliz em Deus.

A Esperança é isso: mesmo que carreguemos os pecados mais pesados do mundo, o perdão já foi dado. Mas será realmente acolhido por nós? Permitimos que a água do batismo nos purifique e que esse batismo seja renovado por meio do sacramento da confissão e reconciliação? E que a Eucaristia alimenta em nós essa vida divina que desce nos filhos de Deus por este santíssimo Sacramento? Esta é a nossa Esperança continuamente: somos lavados e alimentados para chegar lá, rumo ao céu!

13. Jesus é retirado da cruz

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

Evidentemente o corpo é entregue à mãe. Quem é que iria querer um corpo morto e chagado?

Quem mais do que Maria, é capaz de recolher esse Tesouro? Capaz de compreender tudo o que traz esse Tesouro, escondido atrás das feridas e das marcas dos maus tratos?

Só Maria é capaz de acolher esse Tesouro dando-lhe um valor infinito. E Maria, O acolhe. Ela contempla seu filho, e toda aquela caminhada que começou no presépio, e passou por tanto altos e baixos. Ela provavelmente se lembra da promessa que fez, o velho Simeão: “Teu filho será um sinal de contradição!”. Quer dizer que, através do que vai acontecer a Jesus, se revelarão a realidade dos corações humanos: Ser a favor ou contra Deus-Amor, que se faz ser humano? 

E Maria revive tudo isso. Ela diz, como na primeira hora: “Seja feita a tua vontade!”. Isso é grandioso!

Era necessário que Maria estivesse preparada para esse momento, mas, principalmente, para o que viria a seguir. Pois, não é a primeira vez que Jesus é arrancado ao amor de Maria, sua Mãe.

  • Aconteceu quando o rei Herodes tentou arrancar o filho dela; mas não conseguiu porque o anjo avisou José.
  • Também aconteceu quando Maria perdeu Jesus em uma festa da Páscoa, aos 12 anos de idade, mas, no terceiro dia, a mãe O reencontrou.
  • Aconteceu também quando em Nazaré, os habitantes quiseram lapidar Jesus.
  • E acontece de novo quando Jesus, lhe é arrancado, para ser preso, processado e condenado! E seria bem a primeira vez que Jesus está arrancado ao Amor de Maria,mas – desta vez – não Ele vai ser devolvido por Deus?

Então, Nossa Senhora da Esperança, não sabe o que vai acontecer, mas o que ela sabe é que o anjo lhe disse: “O teu filho reinará para sempre sobre o trono de seu pai, Davi!”.

Assim, vai começar o Sábado Santo. Maria entra na Esperança nua, mas total e que nada poderá apagar, nem abafar. Ela não sabe o que Deus vai fazer, mas sabe que Jesus lhe será devolvido. É também a Esperança do cristão. Por vezes, por causa de Deus, o cristão perde o que possui de mais precioso. Mas ele sabe que nada se perde do que é oferecido a Deus. É a Esperança!

14. Jesus é sepultado

V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus, e Vos bendizemos!

R. Porque pela Vossa Santa Cruz, redimistes o mundo!

Maria não vai guardar no seu colo o Corpo de Jesus. A maneira humana é sepultar, voltar para a poeira da qual o ser humano foi moldado. Esse poderia ser um momento de grande desespero, como acontece às vezes, em nossos sepultamentos, o momento do choro. Compreensível por causa da separação. Mas o evangelho não nos apresenta Maria assim. Disse que ela estava de pé, ao pé da Cruz, e que depois recebeu o filho, depois o entregou para ser sepultado.

Por que essa aceitação? Porque, com certeza, a parábola mais curta do Evangelho chegou até os ouvidos de Maria. E ela a gravou no coração. “Se o grão de trigo que cai no chão não morre, ele permanece só. Mas, se morre, ele vai dar muito fruto!”. E pronto.

No coração da discípula preferida e perfeita de Jesus, é isso que reina. Jesus é como o grão de trigo entregue ao chão. É preciso deixar o tempo realizar a sua obra. Deixar Deus realizar o seu Plano. E acontecerá a frutificação, a multiplicação, a fecundidade infinita do Amor eterno de Deus em Jesus Cristo.

A Esperança de Maria pode se tornar nossa, se deixamos esta parábola de Jesus, a mais breve de todo o Evangelho, se gravar em nossas memórias, em nossas consciências. Viva a Esperança!

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